todo o amor do mundo não foi suficiente porque o amor não serve de nada. ficaram só os papéis e a tristeza, ficou só a amargura e a cinza dos cigarros e da morte. os domingos e as noites que passámos a fazer planos não foram suficientes e foram demasiados porque hoje são como sangue no teu rosto, são como lágrimas. sei que nos amámos muito e um dia, quando já não te encontrar em cada instante, em cada hora, não irei negar isso. não irei negar nunca que te amei. nem mesmo quando estiver deitado, nu, sobre os lençóis de outra e ela me obrigar a dizer que a amo antes de a foder.
josé luís peixoto
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remexem-se-me as entranhas.
ResponderEliminarFalar do trigo e não dizer o joio. Percorrer
ResponderEliminarem voo raso os campos
sem pousar
os pés no chão. Abrir
um fruto e sentir
no ar o cheiro
a alfazema. Pequenas coisas,
dirás, que nada
significam perante
esta outra, maior: dizer
o indizível. Ou esta:
entrar sem bússola
na floresta e não perder
o rumo. Ou essa outra, maior
que todas e cujo
nome por precaução
omites. Que é preciso,
às vezes,
não acordar o silêncio.
Albano Martins, Escrito a vermelho
*