29.3.10

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Meu deus como pode ser tão bom esse mal que tu me fazes
Que me obriga a ir a jogo sem figuras nem ases
Sabendo que não vou ganhar como nunca ganhei
Sabendo que não consigo parar como nunca parei
Como podem magras mãos ficar tão grandes assim
Que as sinto esgravatar, cabem dentro de mim
Só pode ser verdade o que me conta a poesia
Eu gosto de gostar e sinto a tua falta todo o dia
Que posso eu fazer se me fazes tão bem/mal
Desafiando as leis da gravidade, a minha moral
O prazer da tua carne tornou-se essencial
Para a minha sanidade, física e mental
Fatal fatalmente o coração sente
E a minha boca mente em ritmo desplicente
Escrevo para ti em papel de carta
Tinta preta como a cor dos teus cabelos
Envoltos em tons de violeta
Palavras que nunca direi à tua frente
Aprendi a ser humano, haveria eu de ser diferente?
Eu só amo e não reclamo um prémio sem cautela
Fechado numa cela sem chave nem janela
A coisa mais bonita deste planeta
Beleza rara no meio de uma sarjeta
Amor impossível como o Romeu e Julieta
Ao menos sonho contigo e podes crer já não é cheta

28.3.10

O Perigo da Leitura Excessiva

Quando lemos, outra pessoa pensa por nós: repetimos apenas o seu processo mental. Ocorre algo semelhante quando o estudante que está a aprender a escrever refaz com a pena as linhas traçadas a lápis pelo professor. Sendo assim, na leitura, o trabalho de pensar é-nos subtraído em grande parte. Isso explica o sensível alívio que experimentamos quando deixamos de nos ocupar com os nossos pensamentos para passar à leitura. Porém, enquanto lemos, a nossa cabeça, na realidade, não passa de uma arena dos pensamentos alheios. E quando estes se vão, o que resta? Essa é a razão pela qual quem lê muito e durante quase o dia inteiro, mas repousa nos intervalos, passando o tempo sem pensar, pouco a pouco perde a capacidade de pensar por si mesmo - como alguém que sempre cavalga e acaba por desaprender a caminhar. Tal é a situação de muitos eruditos: à força de ler, estupidificaram-se. Pois ler constantemente, retomando a leitura a cada instante livre, paralisa o espírito mais do que o trabalho manual contínuo, visto que, na execução deste último, é possível entregar-se aos seus próprios pensamentos.  

No entanto, como uma mola que, pela pressão constante acarretada por meio de um corpo estranho, acaba por perder a sua elasticidade, também o espírito perde a sua devido à imposição contínua de pensamentos alheios. E, do mesmo modo como uma alimentação excessiva causa indigestão e, consequentemente, prejudica o corpo inteiro, pode-se também sobrecarregar e sufocar o espírito com uma alimentação mental excessiva.
Pois, quanto mais se lê, menos vestígios deixa no espírito aquilo que se leu: a mente transforma-se em algo semelhante a uma lousa, à qual encontram-se escritas muitas palavras, umas sobre as outras. Por isso, não se chega à ruminação (ou melhor, o afluxo intenso e contínuo do conteúdo de novas leituras serve apenas para acelerar o esquecimento do que se leu anteriormente): entretanto, apenas esta permite assimilar o que foi lido, do mesmo modo como os alimentos nos nutrem não porque os comemos, mas porque os digerimos. Se, ao contrário, se lê continuadamente, sem mais tarde pensar a respeito do que se leu, o conteúdo da leitura não cria raízes e, na maioria das vezes, perde-se. Em geral, o processamento da alimentação mental não difere daquele da alimentação corporal: apenas a cinquentésima parte do que se consome chega a ser assimilada; o restante é eliminado por meio da evaporação, da respiração ou similares.
A tudo isso soma-se o facto de que os pensamentos transportados para o papel não são nada além de uma pegada na areia: pode-se até ver o caminho percorrido; no entanto, para saber o que tal pessoa viu ao caminhar, é preciso usar os próprios olhos.

Arthur Schopenhauer, in 'Da Leitura e dos Livros'


Para quem, para se afirmar como pessoa culta e inteligente, mostra a lista dos últimos livros que leu - pobres, tristes e sem espírito. (private joke)

24.3.10

retirado do ventre

quando diminui o ar frio que nos fere a vista e os mamilos, o corpo que tremia deixa-se estar quieto e mudo. assim, no berço da tranquilidade, perdemo-nos na nossa humanidade e dormimos encostados à janela, recebendo o Sol na nossa cabeça com agrado.

/ ouve-me agora:
és grande e tens o peso do algodão na consciência. és murro na mesa da taberna, martelada no julgamento, bater do pé quando o mundo se deixa corromper. palavras certas e graves em voz alta e a sabedoria na melodia do seu som. travo a vinho tinto carrascão na boca e olhos que são do mundo. certeza no gesto e segurança no abraço; és o espelho das sombras, porque renunciaste à luz, a todas as luzes. és escondido, mas todos te vêem gigante e audaz. és nevoeiro e orvalho matinal nos olhos e consegue-se beber da tua falta de nitidez - não se sabe quem és verdadeiramente, somente existes em muitas coisas e vais embora nos dias de Sol. /

 o ar frio regressa e eu perco-me do Sol e só sei que abro os olhos e deixo de te ver. e o hábito não se deixa vestir.

23.3.10

PAZ sim! NATO não!

A Petição à Assembleia da República promovida pela Campanha em Defesa da Paz e Contra a Cimeira da Nato em Portugal já está disponível para subscrição em:


http://www.pazsimnatonao.org/peticao/


Apela-se à vossa subscrição e divulgação.


Reclama-se das autoridades portuguesas:
- A retirada das forças portuguesas envolvidas em missões militares da NATO
- O fim das bases militares estrangeiras e das instalações da NATO em território nacional
- A recusa da militarização da União Europeia, que a transforma no pilar europeu da NATO
- A efectiva realização de uma política externa portuguesa em consonância com os princípios consagrados na Constituição da República Portuguesa e na Carta das Nações Unidas, incluindo a promoção de iniciativas em prol do desarmamento e da dissolução dos blocos político-militares.


PELA PAZ.
PAZ SIM! NATO NÃO!

22.3.10

Simone

Bite the hand that feeds
Tap the vein that bleeds
Down on my bended knees
I break the back of love for you

21.3.10

José Saramago – Cadernos de Lanzarote

«Privatize-se tudo, privatize-se o mar e o céu, privatize-se a água e o ar, privatize-se a justiça e a lei, privatize-se a nuvem que passa, privatize-se o sonho, sobretudo se for diurno e de olhos abertos. E finalmente, para florão e remate de tanto privatizar, privatizem-se os Estados, entregue-se por uma vez a exploração deles a empresas privadas, mediante concurso internacional. Aí se encontra a salvação do mundo… e, já agora, privatize-se também a puta que os pariu a todos.»

José Saramago – Cadernos de Lanzarote - Diário III – pag. 148

18.3.10

Perguntará se eu tenho alguém,
Perguntará quem é que eu sou,
Perguntará se o faço bem

girl, you'll be a woman soon



a uma das melhores coisas que me podiam ter acontecido.


Girl, you'll be a woman soon,
Please, come take my hand
Girl, you'll be a woman soon,
Soon, you'll need a man

I've been misunderstood for all of my life
But what they're saying girl it cuts like a knife
"The boy's no good"
Well I've finally found what I'm a looking for
But if they get their chance they'll end it for sure
Surely would
Baby I've done all I could
Now it's up to you...

entra na cena por completo

16.3.10

Candy


Once upon a time there was Candy and Dan; Things were very hot that year. All the wax was melting in the trees. He would climb balconies climb everywhere, do anything for her. Oh, Danny boy. Thousands of birds the tiniest birds adorned her hair. Everything was gold. One night the bed caught fire. He was handsome and a very good criminal. We lived on sunlight and chocolate bars. It was the afternoon of extravagant delight. Danny the dare devil. Candy went missing. The days last rays of sunshine cruise like sharks. "I want to try it your way this time." You came into my life really fast and I liked it. We squelched in the mud of our joy. I was wet thighed with surrender. Then there was a gap in things and the whole earth tilted. This is the business; this is what we're after. With you inside me comes the hatch of death. Perhaps we'll simply never sleep again. The monster in the pool. The cats and chickens and runner beans. Sometimes I hate you. Friday: I didn't mean that mother of the blueness, angel of the storm. You pointed at the sky and told me that line is called sirus or "dog star". Fly away so ha-ha fucking ha you are so funny Danny. A vase of flowers by the bed. I broke your head on the back of the bed, the baby, he died in the morning. I gave him a name. His name was Thomas. Poor little god. His heart pounds like a voodoo drum.

15.3.10

how do you like yourself? you don't know yourself

following

Just one more cup of coffee
Before you have to leave
This room's not getting tired of you

Where you'll be,
I hope you think of me,
Even though you say to yourself
I won't be following you

(the sweetest Perfection of Body and mind)

11.3.10

(até quando?) - numa conversa na cozinha












morre demónio. não será corrosivo. 
repito a mim mesma que nunca mais até acreditar. 

respiro de alívio. já foi.

8.3.10

esperar por amanhã

FUCK THE PAIN AWAY

get it while you can



don't you turn your back on me

2.3.10

vício

Amigos como sempre
Dúvidas daqui pra frente
sobre os seus propósitos
é difícil não questionar.
Canto do telhado para toda a gente ouvir
os gatos dos vizinhos gostam de assistir.

Enquanto a música não me acalmar
não vou descer, não vou enfrentar
o meu vício de ti não vai passar
e não percebo porque não esmorece
ao que parece o meu corpo não se esquece.


Não me esqueci, não antevi, não adormeci o meu vício
de ti


Levei-te à cidade, mostrei-te ruas e pontes
Sem receios atraí-te às minhas fontes
Por inspiração passámos onde mais ninguém passou
Ali algures algo entre nós se revelou.


Enquanto a música não me acalmar
não vou descer, não vou enfrentar
o meu vício de ti não vai passar
não percebo porque não esmorece
será melhor deixar andar
Será melhor deixar andar


Não me esqueci, não antevi, não adormeci o meu vício
de ti


Eu canto a sós pra cidade ouvir
e entre nós há promessas por cumprir
mas sei que nada vai mudar
o meu vício de ti não vai passar, não vai passar...

Acid House

AMEI.
Senti tudo do início ao fim. Absolutamente lunático e empolgante. A rever.

1.3.10

dance with me



nouvelle vague e bande apart numa palavra: soberbo!