1.10.13

Stone in Focus


stone out of focus


"(...)
olharemos os insectos perfurarem a treva da noite
e tecerem claridades
mas já não tínhamos mais noite a desvendar
lembro-me
a cidade está cada vez mais rente à nossa separação
caminhamos em direcções opostas
ou melhor
eu caminho enquanto tu não existes
a noite aproxima-se com seus territórios de sombra e fábula
areias penumbras oscilantes apagando resíduos de corpos
teu corpo minúsculo arrefece dentro de mim
quando as feras despertam nos olhos abandono-me
à lama colorida dos terrenos vagos
dói-me a voz ao chegar aos lábios
os dedos penetram o metal cintilam
conchas abertas ao sonho
onde terei abandonado a nossa paixão?
(...)
vou abandonar-te no lado claro da noite
onde o tempo é um fio de luz rasgando a espessura do corpo
vou partir
com estas manchas de frutos sorvados no coração
para sempre vagamundo
no corredor de espelhos sem tempo deixo-te o sonho
onde já não arde nenhum rosto nenhum nome
nenhuma voz de silente treva
nenhuma paixão (...) "

Al Berto 

venus in furs







enquanto ouço http://www.youtube.com/watch?v=Q0q1gCsZykg

a 24 de Março de 2010, neste blogue:
"(...)

/ ouve-me agora:
és grande e tens o peso do algodão na consciência. és murro na mesa da taberna, martelada no julgamento, bater do pé quando o mundo se deixa corromper. palavras certas e graves em voz alta e a sabedoria na melodia do seu som. travo a vinho tinto carrascão na boca e olhos que são do mundo. certeza no gesto e segurança no abraço; és o espelho das sombras, porque renunciaste à luz, a todas as luzes. és escondido, mas todos te vêem gigante e audaz. és nevoeiro e orvalho matinal nos olhos e consegue-se beber da tua falta de nitidez - não se sabe quem és verdadeiramente, somente existes em muitas coisas e vais embora nos dias de Sol. /

(...)"

agora não sei quem és; sei só que te tornaste Saudade.