27.12.11

pudesse eu fundir-nos

"Finalmente percebi a verdade que há tanto me escapava. Eu não te devo agradecer, tu não me deves agradecer, eu sou tu e tu és eu. O Nós não existe, porque não somos dois; se não somos dois, a quem agradecemos? A vida deu-nos isto, a pedra filosofal, uniu o Mundo e a Terra, ao unir um homem e uma mulher. Tanta clareza trouxe-me este sentimento, que, finalmente, percebi: o amor não deve ser uma perpétua angústia, pelo facto de não se poder agradecer o que está a acontecer; deve ser a paz de saber que, aconteça o que acontecer, já tudo está dito no silêncio do nosso Eu e nada mais ficou por dizer. E hoje percebi: finalmente vivi, finalmente senti, finalmente descobri um sentimento que desmorona o meu Eu...sem ti. Se queres saber o que senti com a tua mensagem, eu digo-te: senti. Tudo o que se pode sentir, senti. Senti-te. Tocaste-me. De uma forma que nunca tinha experimentado. Depois, passei a minha mão na cara e sorri."

Por que mãos andam os meus olhos?

Nenhumas. Dormirei eternamente até que venham roubar-me o sono e o sonho.

16.12.11

Não conhecia esta versão. No início achei-a estranha, mas, agora que se entranhou, entrou para ficar.
Por aqui, estuda-se Alemão, bebe-se chá, fuma-se e acendem-se velas de frutos silvestres; deixa-se de estudar, ouve-se música, levita-se e apagam-se os cigarros - tudo isto enquanto a vela arde. Quem me dera que ela pudesse falar. Quem me dera que ela pudesse escolher fazê-lo, ou manter-se calada.
A implosão é uma "rebentação de explosivos que provoca uma demolição centrada para dentro".
Por aqui, volta-se a estudar.


14.12.11

Como protagonizar uma ausência?

Sinto-me bem onde estou. Por vezes, perco-me propositadamente, mas, como sei que o reencontro é breve, não me preocupo e começo a ir.
Estável. Não sinto falta de pessoas, nem de lugares e vou-me apresentando a novos cheiros, novas caras e palavras; vou atribuindo música aos sítios e, sim, cores, também vou pintando de fresco o que é novo. Começo a deixar de ter vertigens e o medo bate a outra porta. Aqui, leio muito, escrevo menos; tenho muito tempo para amar, pouco para amar-me. Penso na mesma quantidade de sempre e não perco o contacto com o ócio, meu eterno amante.
Sou presença, umas vezes assídua, outras nem tanto, em vidas alheias. Invadimos mutuamente a nossa realidade e calamo-nos, eternamente, noutras que mudaram a fechadura e nos tiraram as chaves, para que não nos fosse permitido entrar.
Tinha deixado de escrever neste Blog, mas voltei, não sei se para ficar ou não.
Tudo muda. Só a mudança permanecerá imutável e, com o tempo, tornar-nos-emos todos dinossauros. Proclamarei a extinção como forma de organização da presença dos outros na nossa vida e em nós mesmos. Agradeço-lhe todos os dias.


Bonobo - Dinosaurs