20.3.16

amarras - parte 1 de 3

quando se pede por favor,
o tempo não avança.
não é com educação que ele chega e não é com educação que ele vai.
não posso solicitar a sua presença, nem amarrá-lo.
se passar, posso chamá-lo,
mas ele poderá não vir.
sim, irá, de todas as vezes,
procurar a voz que o chamou,
mas não me servirá de muito,
porque poderá ficar, ou poderá ir.
e poderei tentar ser feliz para sempre assim,
neste jogo injusto de só lhe ver uma parte do rosto
e de o seguir com o olhar enquanto vai embora ou volta novamente,

manietada, doente,
resignada e impotente,

com os cigarros da espera a marcarem o compasso
da minha insanidade crescente.
esta cadeira está a tornar-se demasiado desconfortável,
a passividade induzida está a envenenar o que tenho de afável
e deixa de me apetecer
lutar numa guerra qualquer
que criei sem ser preciso.

19.3.16

é sempre incrível quando investes o teu tempo em algo que te faz sentir tão bem

a paciência é quem reina por cá. não sei bem o que poderá acontecer se me deslocar ligeiramente da posição conscientemente pacífica em que me coloquei. é tudo tão bom, quando a fase em que nos encontramos é de ligeireza. mas eu conheço-me. sei bem que nem todos os dias serão dias. 
preciso, somente, de descansar um pouco, que a vida resolve-se a si própria de vez em quando.