19.5.10

alfazema

Eu calo as palavras, poupo o vocabulário, é que
Pró meu silêncio ainda não há um dicionário
E eu não falo sem pensar e não quero pensar demais
Não espero interpretações ou traduções emocionais.

Como todas as mulheres quero sentir que sou diferente
Sou todo o cliché da vida toda pela frente,
Sou carente q.b. como um domingo persistente em que
Não sei porquê a gente tem olhar ausente.
Amiga, como tu tenho medo da rejeição
Chorei deitada no chão, achei que era em vão e não
Havia solução a ferida ficaria aberta,
É certo que te marca mas não mata, só desperta.

Também sou insegura, ponho a lupa nos defeitos,
Tenho a fúria do espelho, muitas dúvidas no peito.
Às vezes não me valorizo, não grito quando é preciso
Não tenho juízo e vivo em função doutro indivíduo
Como tu não sou perfeita mas esse é o nosso carisma
E quem cisma e não respeita não consegue ver um cisne.

A beleza não se finge é aquilo que tu emanas, mana
Como uma esfinge fica sólida a uma deusa humana.
Somos assim cheias de contradições
Como as tradições sem fim que nos atiram p’ra depois.

Vestem-nos de cor de rosa p’ra enfeitar um mundo que é cinzento,
Querem-te vistosa mas cagam em como estás por dentro
E não tens tempo p’ra te amares a ti
Tens de ser loira, boa, magra, sensual e com Q.I.
Claro que assim manter uma auto-estima dá muito trabalho.
Não sou a super-mulher e mando o mundo p’o caralho!
Carta fora do baralho, mas serei dama de copas,
Serei rainha como tu um dia, topas?
E quando fraquejares vais repetir num sussurro
Aquilo que eu canto p’ra sorrir num dia escuro.

Já tinha posto esta música aqui, mas é perfeitamente justificável lembrar-me sempre dela, sempre de mim, ter juízo e valor, não ser boneco, não ser racional demais, sonhar e querer e pensar que posso, mesmo que não possa porra nenhuma, mesmo que o "im" à beira do "possível" seja uma constante.
Viver com o nosso passado é mais fácil do que viver com o passado dos outros, mas "não sou a super-mulher e mando o mundo pró caralho"!

Palmas, a mim.

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