18.4.15

19.04.2015

Há muito que não nego o carácter utilitário deste blog. Há muito que me sirvo dele (infelizmente, ou não, isso acontece cada vez menos) para que me possa reler depois, para
que não me esqueça.

Hoje, despedi-me.
Consegui conciliar o meu trabalho e o meu estudo durante 8 meses, o que não foi de todo fácil: contabilizam-se mais de 300km entre o sítio de um e o sítio de outro. Comecei a morar com a minha namorada e com os nossos três gatos e tive de assumir, como tal, as responsabilidades inerentes a tal escolha.
Seria expectável assumir-se que o cansaço físico me teria vencido. Não, de todo.
A minha dignidade venceu e, simultaneamente, derrotou a minha teimosia e o meu espírito de sacrifício.
Saí do emprego que mudou radical e inesperadamente a minha vida e que, de certa forma, me mudou a mim. Sou, sem dúvida, uma pessoa diferente depois destes 10 meses, mas, e com mais receio do que nunca daquilo que me esperará adiante, reitero a minha posição em relação ao conceito de escolha - não há nada mais humano do que poder escolher. Ao medo, terei de encará-lo de frente e terei de me mexer mais do que nunca. A isso chamar-lhe-ei crescer.
Desejo conseguir que o respeito seja a condição dominante de todos locais por onde passe, porque não me sentarei novamente à mesa com a humilhação. E digo que nunca mais acontecerá, talvez ingenuamente, mas garanto que farei os possíveis para que não se repita, nem se arraste.

2 comentários:

  1. Também fiz a minha escolha no final do ano passado. Com motivações semelhantes, mas passado 42 meses.
    Espero que não tenhas de voltar a sentar-te à mesa com humilhação.
    Somos obrigados a, pelo menos, conviver com ela, neste mundo que criámos.
    Mas também podemos escolher de que forma.

    Toda a sorte, coragem e confiança do mundo

    num

    xi

    T

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  2. Não me sentarei à mesa com a humilhação, mas sentar-me-ia contigo em qualquer sítio e continuo à espera. Que é mais fácil de suportar a perda de um emprego do que a perda de um amigo. Aguardo pelas tuas palavras, de consolação ou não, e por esse abraço. Já se passaram quase 60 meses.

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