15.5.14

Ler o Cosmos II

Pensar o Cosmos deverá ser, portanto, uma terapia, um fio condutor de dentro para fora do indivíduo que, com os seus problemas e limitações, se encontra condenado a uma vida, vida essa da qual não pode fugir, que não pode ignorar, que dificilmente consegue e conseguirá, alguma vez, explicar; a vida, que é a única coisa que o mantém e que, mesmo finita, mesmo limitadora, pode enaltecê-lo, se encontra repleta de questões práticas que o fazem esquecer-se de pensar sobre quem é e sobre o que ela poderá significar. Pensar o Cosmos torna as relações pessoais menos densas e os problemas menores e é a melhor forma de abstracção possível, dentro das que se podem escolher. Uma abstracção um tanto agridoce, pois, por um lado, poderá significar a total perda do indivíduo em si mesmo, na sua confusão, nos seus apelos e nas suas múltiplas questões, não obstante, por outro lado, poder levar a uma caminho de superação, de relativização dos problemas e de respeito pelo ser humano como um todo. É desta segunda forma que a reflexão sobre o Universo e sobre o papel do homem mostrará o seu carácter terapêutico e permitirá uma visão afastada do banal, abrindo portas à humildade e ao respeito por formas de vida iguais à nossa.

A experiência magnífica que é ler o Cosmos, de Carl Sagan.

1 comentário:

  1. Fantástico :)
    Ultimamente, tenho sido "invadida" pelo Cosmos, por todos os lados possíveis. É um livro que tenho mesmo de ler.
    *

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